segunda-feira, 26 de novembro de 2012



Algumas linhas sobre o fracasso.
Crescidos em uma sociedade hierarquizada pela pobreza e ignorância cristã. Meras reproduções esperneando em um ciclo medíocre, uma tentativa ingênua de escape. Subterfúgios de uma revolta adolescente destoada do tempo. Frases feitas, atos impensados, planos atravessados e inconclusos. Vazio. Falsa segurança, falsa estabilidade, falsa sabedoria, falso intelectualismo, falsa insensibilidade. Verdadeira agonia. Grito, queda e rendição negados. Tolice.

O desdém desmedido revelando completa melancolia. Consciência de sua ínfima posição estagnada. Mãos atadas. Descaso como proteção. O culto ao nada como mecanismo de defesa. Hipocrisia. Para ser Epícuro, precisa-se mais que desapego. Só se pode adorar Baco quem não se importa com Atena. Do contrário, falsa propaganda.

Tentativas e de novo. A negação do obvio, do premeditado, do ditado, do imposto, do simples. Vociferando filosofias baratas, cuspindo bem-estar, encobrindo o conservadorismo inerente, a caretice herdada e reproduzida. A liberdade mal interpretada ganhando premio de melhor trilha sonora. O orgulho do nada, a superficialidade vestida, a pura sobrevivência à falta de mobilidade, de opções, de desejos sinceros, em meio ao lixo, ao escarrado. Fuga em círculos.

A graça tão pobre e tão mentirosa. O momento-paz tão ilusório. A felicidade nunca tão efêmera. A memória, enquanto efemeridade materializada, é inimiga do instante que passa. Então, a noção de tempo perde-se atingindo o esperado. As possibilidades, os livros, os discos, os quadros, as garrafas, o culto doentio pelo fugaz. O fugaz é belo porque a memória não o guarda no baú das assombrações, junto com os flashes da infância. Neste caso, o fugaz, entidade louvável, é mal cultuado.

O conformismo é mais sincero que a luta mal desejada. Ambos repugnantes. Cada um correndo em vão, num caminho curvilíneo com destino à reprodução do sempre. Determinismo aparente e bem-vindo no fundo, no fundo. 

                                                                                                          Jessica Gasparini Martins
Sem criatividade no momento, sem vontade de escrever, sem um mínimo verso na minha cabeça, tudo vazio, absolutamente vazio... Sabe? Vazio? Pois é... É assim como me sinto... Vazio... Vontade de ler e não leio, vontade de escrever e não escrevo, o que acontece? Uma fase? Um faz de conta? Vou fazer o que o tempo mais gosta de fazer... dar tempo a ele... e deixá-lo passar.